Há 10 anos me disseram que crescer dói. Na época, não tinha a menor noção do que isso significaria. Sabe o que eu descobri? Que dói, e muito. Não existe mais aquela proteção e muito menos o conforto da irresponsabilidade.
Dói sair da faculdade e ficar longe dos amigos.
Dói perder o primeiro emprego... E perder o rumo, dói também.
Dói ir embora por vontade... E dói ter que voltar por falta de opção.
Dói não poder ficar perto de quem a gente ama... E dói mais ainda ouvir que “se for amor de verdade, aguenta-se qualquer distância, o tempo que for”. Isso não conforta. Posso estar enganada, mas normalmente esse conselho vem de quem tem um pezinho quente debaixo do edredom para ajudar a esquentar uma noite de inverno.
Acompanhar é algo que pressupõe convivência. Mas um dia a gente aprende que o silêncio precisa vir de dentro para apaziguar os pensamentos e serenar o coração. É difícil sair do ninho e deixar de ser passarinho. Fica mais difícil quando a gente demora pra entender que as escolhas pertencem a cada um. E cada escolha implica uma renúncia. Não podemos ter tudo.
De tanto almejar um futuro que ainda não chegou, me perdi. Fechei a janela e o vento desistiu de circular. Acabei me sufocando dentro de mim mesma, sem saber o que poderia acontecer se eu decidisse ir embora. E quando eu decidi ir, não dava mais. Ou foi muito cedo, ou foi tarde demais. A confusão foi tanta que não sei mais se foi escolha ou se foi renúncia. Tanto faz.
Em busca da atemporalidade, retalho o meu discurso para ver se ecoa, ou se me racionaliza, ou se me fortifica, ou se me engana, ou se me conforta. Porque, às vezes, o silêncio oportuno é mais eloquente do que o discurso.
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