quarta-feira, 13 de julho de 2011

A injustiça da justiça.

Como lidar com as injustiças da justiça? Talvez isso que eu chamo de injustiça seja apenas um reflexo da “teoria da relatividade”, aplicada as ciências sociais.

Ela tinha 23 anos quando chegava do trabalho e foi abordada por homens no portão de casa. Ela se assustou e levou um tiro. Eles levaram o carro e ela perdeu o movimento das pernas. Depois de um tempo, eles foram presos e ela perdeu a vontade de viver do lado de fora da vida. Já se passaram 10 anos e ela continua dizendo que gosta de ver o mundo da janela.  


Não sei dizer se o homem que atirou ainda está preso. Mas o que nem todo mundo sabe é que a previdência social oferece o benefício auxílio-reclusão para esposa e filhos dos encarcerados. Já a família da vítima ficou com toda a responsabilidade e os custos para cuidar da sua saúde e bem estar.  

Tenho um coração bom e consigo entender que as famílias dos criminosos possam precisar de ajuda. Mas sou completamente contra que suas famílias recebam um "benefício" diante de uma situação nem um pouco digna de benfeitoria. Se a família do preso precisa de uma complementação orçamentária, ok, a prisão deve(ria) oferecer condições para os presos gerarem renda lá mesmo (afinal, mente vazia, oficina do diabo, né?). Claro que isso exigiria que o governo fosse capaz de garantir o MÍNIMO dentro das prisões, como condições de higiene, pro pessoal não precisar mais de fossas sanitárias, saca?


[...]

Toda história tem dois lado, sempre.

Se para o preso tem auxílio-reclusão, para as vítimas em casos como esse, por exemplo, existe um benefício chamado auxílio-acidente, mas ele é apenas válido para trabalhadores empregados, por isso, não engloba donas de casa, empregadas doméstica, estudantes...

Agora, é um tanto preocupante saber que os direitos humanos servem direitinho aos bandidos, mas quando se trata dos direitos de pessoas honestas, toda a responsabilidade é desresponsabilizada. É claro que eu não sou adepta da máxima “olho por olho, dente por dente”, mas, enquanto os direitos humanos zelam pela integridade física dos bandidos (que eu até acho justo, em momentos de pleno equilíbrio, rs.), quem defende o direito de ir e vir EM SEGURANÇA? Quem garante o direito à educação de qualidade e serviços de saúde dignos? 


O filme Tropa de Elite 2 trata, bem no comecinho, desse assunto dos direitos humanos protegendo o direito dos presos. Aliás, se você ainda não assistiu a esse filme, #ficaadica. O filme é ótimo pra fazer a gente ampliar um pouquinho mais nossas margens.

Cena do filme Tropa de Elite 2: detalhe para a camiseta dos Direitor Humanos manchada de sangue.

É claro que dentro da lógica da desresponsabilidade e dessa filosofia do “cada um faz a sua parte” você pode até pensar: “Pô, a Priscila tá misturando as sintonias, os direitos humanos não tem nada a ver com políticas públicas (in) eficientes”. Pois é, não tem nada a ver dentro de uma sociedade desarticulada.

Essa mistureba toda me fez lembrar de uma historinha que veio em uma das minhas antigas agendas escolares, e eu acho que vai cair bem nesse post.

Esta é uma história tradicional. São quatro personagens: 

- Todo Mundo
- Alguém
- Qualquer Um
- Ninguém

"Havia um trabalho importante a ser feito e Todo Mundo tinha certeza de que Alguém o faria. Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez. Alguém se zangou porque era um trabalho de Todo Mundo. Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas Ninguém imaginou que Todo Mundo deixasse de fazê-lo. Ao final, Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém fez o que Qualquer Um poderia ter feito.“ Autor desconhecido.


Para mais informações sobre os auxílios da previdência social que mencionei nesse post:



Um comentário:

Lou disse...

Quando acontece essas discussões sobre direitos humanos, meu amigo fala uma coisa que eu concordo muito. Direito humano para TODOS, mas criminosos no final da fila.