quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

.Educação 1.0

Divagações do passado, que ainda resistem no presente.

2 de Setembro de 2008

"Eu gosto muito de escrever. Fazer um portifólio acadêmico motiva meus pensamentos e motiva a fomentação de questões acerca do curso que escolhi fazer. Infelizmente, ultimamente tenho pensado que posso ter escolhido a profissão errada. A minha paixão pela escola está desaparecendo, e o prazer do obrigatório, defendido por Snyders em sua obra “Alunos Felizes”, está cada dia mais distante do meu alcance. 

Eu sei que falo demais (e acabo escrevendo demais). Mas tenho dentro de mim a certeza de que, quando eu resolvo dividir meus pensamentos, é porque já tenho aquelas palavras amadurecidas em mim. Redundante, espero que não. Prefiro dizer pleonástica com grande consciência daquilo que digo. 

Perdi minha inocência. O mundo não é bonito. As relações humanas não são horizontais. O capitalismo não é horizontal. Mas mesmo assim, eu me permito fazer certas reflexões que poderiam, certamente, serem finalizadas por: é assim que as coisas são e ponto. Mas quero ir além... Eu faço pedagogia na Unicamp. Desde agosto de 2007, por opção, quis ir à escola conhecer seus espaços, suas relações humanas, o trabalho docente, as crianças. Hoje, não o faço mais por opção. Mas sim, porque tenho uma disciplina que me obriga a isso. Até ai, tudo bem. Faz parte da minha graduação. 

O que é ser pedagoga? É simplesmente ser professora? Quais são minhas ferramentas de trabalho? Como se constituem essas ferramentas durante minha graduação? Devo constituí-las sozinha depois de formada? Em todos os cursos universitários as coisas se processam da mesma forma, de maneira genérica?

Bom, acredito que o trabalho pedagógico não se resuma à sala de aula. Dentro e fora da escola o pedagogo possui diversas funções. Mas e a minha graduação? O que ela me proporciona dentro dessa relação: pedagogo e suas funções práticas profissionais?

Ministério de Educação, Secretaria Estadual de Ensino, Secretaria Municipal de Ensino, Direção de escola, Vice-Direção de escola, Orientação Pedagógica, Professora, Coordenadora de projetos em empresas, ONGS, blá blá blá... Exemplos, divagações... 

Como pedagoga, quem sabe futura professora de fato, serei responsável pela formação de indivíduos que estão se inserindo no mundo, apreendendo o mundo aos poucos. Qual minha maior ferramenta para isso? Acredito no conhecimento. Mas, que conhecimento é esse? Com lágrimas nos olhos eu afirmo que não domino esse conhecimento. Ora, mas quem domina? Ninguém sabe tudo. Ah, tudo bem, sei que estou aqui para estar sempre aprendendo. Como escreveu Platão, como sendo palavras de Sócrates: Só sei que nada sei. Mas, independente disso, minha principal ferramenta de trabalho como docente é o conhecimento. É um fato. Não posso passar conceitos errados para as crianças, e para isso, preciso, sim, dominá-los.

Exemplificando, retomo o semestre passado, dia 18 de abril de 2008, na minha sala de estágio, conversa sobre o passeio de Maria Fumaça... 

Professora: A água esquenta, começa a borbulhar e a ferver e depois começa a sair...
Crianças: FUMAÇA... VAPOR.
Professora: Isso, aquela “fumaça” chama VAPOR. 

           Espero que eu esteja conseguindo ser clara. Eu tenho consciência de que nenhum professor sabe tudo. Sei também que todo profissional seja em QUALQUER área, precisa continuar estudando, atualizando-se, para ser um bom profissional. Mas eu realmente defendo que para melhorar a qualidade do ensino no país, é preciso melhorar a qualidade do ensino do professor dentro da universidade.  

Espero que tudo isso não pareça loucura, mas continuando, gostaria de levantar mais alguns pontos acerca do estágio. 

O estágio do pedagogo deve ser realizado em escola pública, em média 4 horas semanais. Contudo, esse estágio não recebe NENHUM tipo de bolsa-auxílio, nem ao menos o transporte do estagiário até a escola onde se realiza o estágio. Acredito que isso não seja comum apenas na UNICAMP. Em alguns outros cursos como as engenharias, por exemplo, a maioria dos estágios é realizada com remuneração, para cobrir gastos com transporte e alimentação. Quando há remuneração, normalmente o estágio é de 20 horas semanais, em média, em empresas privadas. No estágio do pedagogo, no geral, a prioridade é a sala de aula (sendo que o trabalho não se resume à docência, como eu já falei anteriormente). 

Eu realmente sinto falta de outros tipos de estágios dentro da minha faculdade. Estágio em Ensino Fundamental, Educação Infantil e Não-Formal, para mim, não contempla toda a formação que eu almejo. Mas quem sabe se eu estou aqui para almejar alguma coisa, não é?

Eu sei que escrevo demais, falo demais, talvez para alguns eu também pense demais. Certamente, esse está sendo o pior semestre da faculdade até agora, conseguiu superar o semestre passado. Sinto que não adianta querer de fato refletir sobre as proposições docentes, de modo a tentar melhorar para os alunos a vivência em certas disciplinas. E isso é uma constante em todas as disciplinas do semestre: relações de autoridade nem sempre naturalmente estabelecidas. Eu apenas lamento. Resta-me lamentar... E esperar ansiosamente pelo Natal! Que chegue logo o Natal!!!" 



Sim, esse texto é meu. Foi minha 1ª narrativa para a disciplina de Estágio Supervisionado I, no curso de Pedagogia da Unicamp. E, depois disso, tem mais, muito mais.


Um comentário:

Richard disse...

Eu gostaria que mais pessoas entendessem o significado de Educação. Me deixa feliz sua forma de pensar. Me entristece que ainda hajam situações que nos levem a essa forma de pensar, simplesmente por falta de Educação...