sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Toda regra tem seu preço.

Regras existem. Um motivo simples? O combinado não sai caro.

Dentro de um condomínio, por exemplo, existem regras para o uso do salão de festas: agendamento de datas para evitar que dois moradores queiram usá-lo no mesmo dia; custo sobre quebra ou sumiço de utensílios; taxa de manutenção de limpeza. Entretanto, conheço condomínios que não têm esse tipo de regra, pois não tem necessidade. Prédio novo, poucas utilizações dos espaços coletivos. Por enquanto, o uso desses espaços é feito de maneira harmoniosa.

Ah, daí então aparece um fator importante: a necessidade. Sempre que pode haver alguma divergência, seja de opiniões, seja de modos de fazer, seja de prazos, se faz necessário criar regras. Viver em sociedade é isso. Saber seus direitos e seus deveres, suas responsabilidades, e todas as regras que as margeiam.

Como pedagoga, valorizo as regras. Entretanto, sou capaz de reconhecer momentos em que elas não são necessárias. Adulto adora criar regra pela regra, incrível. E muitas vezes, justifica a regra do “pode, não pode” simplesmente porque é feio ou porque vai deixar a mamãe triste, etc. etc. etc.

Esses dias, andei pensando em como a ausência (do cumprimento) de regras podem prejudicar algumas relações. Principalmente aquelas que envolvem dinheiro. Fica evidente a necessidade de regras. Fiquei pensando em como tem um montão de coisas que a gente compra sem nota fiscal. Exemplo: há algumas semanas comprei 2 shors por R$25,00. Os dois eram (supostamente) do P tamanho, mudando apenas a cor. Na loja, provei um deles e boa. Baaaita negócio. Chegando em casa, tirei as etiquetas e os coloquei na gaveta. Usei o preto primeiro. Supimpa. Nesse calor, shorts soltinho e confortável é uma beleza pra usar no dia a dia. Agora, minha surpresa veio quando fui usar o shorts roxo. Ele era 3 dedos mais largo do que o preto. Putz, como que eu não percebi isso na hora da compra? Não percebi, ué, confiei no que dizia a etiqueta. Fiquei tããão animada com o super negócio que nem tchum. Daí, verifiquei a etiqueta que dizia TAMANHO P. Tá, e agora? Shorts sem etiqueta e pior SEM NOTA FISCAL. 

Bom, dos males o menor: nem foi tão caro assim. Além da minha falta de atenção na hora da compra, ficou faltando a nota fiscal. Se eu ao menos tivesse a nota fiscal, mesmo sem a etiqueta, eu poderia ir à loja (tentar) efetuar a troca.

Tá, eu acho um absurdo a quantidade de impostos que somos obrigados a pagar nesse país. Mas mesmo assim, sonegação é crime, né? Você já parou pra pensar a quantidade de transações financeiras que você faz sem a emissão de nota fiscal? Não é por menos que o governo de São Paulo criou esse lance da nota fiscal Paulista. Quem sabe assim, com um retorno financeiro, a população passa a cobrar do comércio que declare sua renda.

E quando dá um problema como esse, do shorts? E quando dá um problema maior do que esse? Ah, daí é a sua palavra contra a do estabelecimento. Ai, meu caro, era sua obrigação pedir nota fiscal ou recibo.

Quando você vai ao dentista, você pede/recebe nota fiscal/recibo?
Quando você vai ao psicólogo, você pede/recebe nota fiscal/recibo?
Quando você vai à academia, você pede/recebe nota fiscal/recibo?
E assim vai.

O pior de tudo é quando querem fazer você acreditar que essa ausência de (cumprimento) de regras é um ato de benevolência, uma “tentativa de ser mais humano” dentro de um mundo tão capitalista. E se você ousar discordar, ah, daí você é mercenário que só pensa no dinheiro! Porque, às vezes, aquele produto/serviço só é mais barato justamente porque o estabelecimento não paga os impostos devidos. 

Rá. A gente sempre quer pagar o mais barato, né? Mas o barato pode sair caro. Nem que seja por causa de uma grande dor de cabeça.


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