Daqui pra frente, pra onde?

Ela não sabe o que quer nem pra onde ir. Achava que tinha certeza, mas se encontrou sozinha, num canto, e percebeu que não adianta fingir que está tudo bem. Doeu o dia inteiro e deve ter uma razão. Se pudesse voltar atrás, claro que não voltaria. Nunca. Mas daqui pra frente, pra onde?

Ela tinha certeza, mas ela foi embora. Ela vai embora. E depois pode voltar. Mas e se dessa vez não voltar? O que eles vão fazer pra desfazer esse mal entendido? Porque às vezes não adianta pedir pra ficar quando a iniciativa tem que estar dentro, nascer de uma certeza que só o coração de cada um pode proporcionar. Não adianta fingir que quer ficar, se o mas importante está te esperando lá embaixo. O mais importante pro futuro está sempre lá embaixo, lá fora.

A gente esquece que talvez tudo isso seja realmente passageiro e que não estamos aqui somente pelo dinheiro. Talvez.  Os quartos estão vazios. A vida adulta chegou e todos foram embora, viver. A gente tem sempre a certeza de que a vida é a coisa mais importante que existe, né? Mas e se a coisa mais importante for a alma, alma em viver? Sentir, amar, acreditar, confiar. Construir? Pra fora ou por dentro?

Depois de tudo isso, tô percebendo que tem uma parte inacabada. E essa parte está dentro de mim, e eu tinha me esquecido, perdido mesmo. Perdida como ela. Tudo foi adiado por causa dela. Só que ela não sabia, muito menos eu.

Tem dias que a dor vem porque é preciso colocar pra fora. Literalmente. Mas tem dias que a dor que vai saindo, faz a gente pensar. Hoje pode ser sexta, sábado, tanto faz. Porque, acredite, vai chegar o momento em que isso não vai fazer mais diferença.

Ela tem esperança. Quer aprender, acreditar que essa vida existe por uma razão muito boa e nobre.