Paradoxo.

Às vezes, eu tenho a sensação de que Ele acordou um dia e disse: I´m gonna mess up with her life. E assim Ele fez. Figuras de linguagem. Pensamento. Paradoxo.

A gente nasce e cresce sempre sendo incentivado a ter sonhos, planos e metas. Daí a gente idealiza: as meninas inventam e reproduzem brincadeiras sobre casar e ter filhos, os meninos especulam sobre as profissões mais promissoras e que renderão mais dinheiro... Depois, vendo o irmão mais velho indo pra faculdade, conseguindo um emprego, você se dá conta: minha hora está chegando. Chega de idealizar, bora decidir alguma coisa. Qualquer coisa.

Claro que qualquer coisa não cabe. Não na perspectiva da sociedade e da família. Na maioria das vezes, a gente acredita que é por amor. Mas você há de convir comigo que estamos cada vez mais sendo obrigados a cumprir um papel social. Portanto a meta muda: ser feliz. Mas o que a gente realmente quer dessa vida? E ai, ser feliz significa o que? Eu te garanto que não implica em uma vida sem reveses, sem tristeza, sem decepção, sem divergências. Mas é preocupante quando para ser feliz é preciso fingir de vez em quando. Fingir que está tudo bem. Fingir que tudo te agrada. Fingir que você não tem preferência. Fingir que nada te incomoda.

Cito meu querido Fernando Pessoa, com muita honra...

“Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.”

(Tabacaria, Álvaro de Campos, 15-1-1928)

Ser transparente não significa exatamente ser sincero.

 

É preciso ter cuidado ao fingir, senão a gente se perde.